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“Vocês vão ter ainda hoje
a confirmação da sua vinda,
e amanhã hão de ver a sua glória,
em vocês, sua vivenda”.
“A iniquidade desse mundo
será, então, destruída
e sobre nós reinará
salvação e plena vida.”
(poema adaptado de uma antífona das 1as Vésperas do Natal)
Queridas irmãs e queridos irmãos,
Mais do que os doces cânticos de Natal e os anúncios repetidos do nascimento do Menino Jesus, minha memória se agarra a essas antífonas do antigo breviário que traduzo de modo atualizado. Elas se inspiram no episódio do maná do deserto (Ex 16), transpostas para o que celebramos, agora, neste Natal. Não apenas o aniversário do nascimento de Jesus e sim a expectativa da vinda do Cristo Cósmico, que toma o corpo não mais da criança nascida em Belém e sim o da natureza crucificada e assume os rostos dos Avatares da Divindade, nas mais diferentes tradições espirituais e religiosas.
Os efeitos de sua ressurreição em todo o universo ainda não são visíveis. Sua manifestação é um processo no qual o Amor Divino quer que participemos como testemunhas e instrumentos de sua presença amorosa no universo.
Em cada Natal, pedimos que essa nova realidade do universo cristificado se manifeste logo e de forma total. Apesar do nosso mundo parecer cada vez mais doente, celebramos a confiança de que a manifestação do Cristo Cósmico venha salvar a nós e à terra.
Em meio à escuridão das crises que tomam conta do Brasil e do mundo, precisamos celebrar o Natal de modo que nos reanime na missão de sermos sinais e testemunhas de esperança. Essa esperança que vem do útero misericordioso do Espírito, Mãe da Vida. E ao nos renovar por dentro, começa a sua obra de “renovar a face da terra”.
Hoje, o universo é o verdadeiro presépio do Cristo Cósmico.
Na Liturgia Latina, os textos desses últimos dias antes do Natal invocam Jesus como Salvador do cosmos.
Com sua profunda formação litúrgica e sensibilidade artística, o saudoso e querido Reginaldo Veloso traduziu de forma adaptada as invocações das antífonas Ó. A cada dia, uma nova invocação chama o Cristo Ressuscitado, um dia como Libertação, no outro como Sabedoria. Um dia, o contempla como nova Sarça Ardente, na qual Deus se revela aos Moisés de hoje. Finalmente, é chamado de Emanuel, presença divina no meio de nós. E cada dia, a antífona se conclui com um refrão que canta:
“Vem, ó filho de Maria,
vem trazer-nos alegria.
Quanta sede, quanta espera,
quando chega, quando chega aquele dia...”
É essa sede e essa confiança alegre que desejo a vocês nesse Natal. Um abraço carinhoso e feliz Natal.
do irmão Marcelo Barros
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