quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

CELEBRAR O NATAL. UMA NOTA A PARTIR DE JOSÉ COMBLIN (Romero Venâncio-UFS) e Natal, prosseguir na rota do esperançar.


 Acabei de receber o singelo convite para a confraternização natalina da Comunidade Bom Pastor de Aracaju e ao olhar a foto e os dizeres do convite, me veio uma carga emocional motivada por uma memória que tem sido a razão de muitas reflexões.

Era 1995 na Paraíba. Tínhamos um pequeno grupo de "Católicos de esquerda" que se reunia na casa do Pe. José Comblin sob a liderança de Alder Julio Ferreira Calado durante o tempo que o distinto padre residiu na cidade de Bayeux/PB já próximo ao aeroporto. Tinhamos alguns encontros com Comblin durante anos. Nossos encontros tinham como objetivo partilha de conhecimentos, oração e reflexão sobre os rumos da Igreja e da conjuntura brasileira e latino americana. Para alguns dos participantes, era a única forma de ainda se dizer católico. Víamos e vivíamos na pele transformações tristes da Igreja na Paraíba com a saída de Dom José Maria Pires e Dom Marcelo Carvalheira. O clero já apontava sua guinada à direita com seu devolcionalismo e tradicionalismo anacrônico, mas eficaz naquela quadra histórica.
Naquele Brasil, já tínhamos um ano de "reinado" de FHC e seu peculiar neoliberalismo. Esquerda ladeira a baixo e nós descendo junto. Paciência. O que foi é ido, já dizia Arnaldo Antunes. Dezembro de 1995, celebraríamos com Comblin nosso Natal. Da maneira como sempre nos reuníamos: simples, em círculo e Comblin entre nós e como costumava dizer amparado pela Carta aos Hebreus: só há um sacerdote na Igreja, todos nós somos participantes desse sacerdócio maior de Cristo e cada um à sua maneira e ministério.
Na hora da reflexão, Comblin nos chamou a atenção para uma coisa aparentemente óbvia em todo Natal que mereça no nome: o que, de fato, celebramos na noite natalina? Resposta: um grande mistério exemplar. O Deus que é tudo, completo e absoluto se fez humano e na condição mais simples que é ser pobre e rejeitado. Deus na carne de Jesus foi marginalizado como criança de família retirante. Aqui mora todo o mistério da fé cristã, dizia o singular padre Comblin. Por isto que burguesia nenhuma celebra Natal, apenas se empanturra de ostentação, farras vazias e exibicionismo fetichista...




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