terça-feira, 3 de dezembro de 2024

BRASIL EM TRANSE. COMO SAIR DESSE ESTADO?

A situação das revelações espantosas, porque não dizer escabrosas, relacionadas a tentativa de golpe militar em 2022/2023 , no que se refere ao papel dos militares,  em especial dos chamados "kids pretos" ou  forças especiais,  revelam um buraco muito mais profundo,  além do que a  maioria de nós, poderia imaginar.

"... A esperança dança

Na corda bamba de sombrinha

E em cada passo dessa linha

Pode se machucar..."

Trecho da canção O BÊBADO E A EQUILIBRISTA, eternizada na voz de Elis Regina.

Compositores: Aldir Blanc Mendes / João Bosco de Freitas Mucci

Aqui, valeria a pena ouvir intelectuais do campo progressista, uma minoria que estuda a questão militar no Brasil. Uma primeira pergunta dirigida a estes poderia ser: De acordo com os estudos e observações realizados  até aqui , esse tipo de situação limite poderia ser imaginada como resultado do golpe parlamentar contra Dilma em 2016 e a eleição de Bolsonaro em 2018? A situação limite a que nos referimos é a utilização de ações terroristas   da parte dos militares de extrema direita  e a continuidade disso em caso de vitória, como um "campo de concentração" a la  Auschwitz, conforme revelam reportagens da imprensa baseado no relatório da policia federal sobre os atos golpistas. 

A outra já no campo da explanação, seria que o entrevistado retomasse uma linha de explicação muito utilizada em lives formativas sobre o histórico do agravamento da inflexão dos militares brasileiros mais  à direita no campo da sua formação, com base no livro Orvil e influência do pensamento de Olavo de Carvalho e de outros intelectuais conservadores nos cursos de formação de militares.

O que isso significa? Além do SEM ANISTIA, será necessário uma luta para a mudança dos currículos das escolas  militares. Duas situações que, por não terem sido encaradas pelos governos da Nova República e do PT  no momento adequado,  agora  são cobradas pelo tempo e com juros e correção monetária, o que significa dizer, em função do crescimento do poder  da extrema direita ao longo do tempo se torna mais complexo fazer a necessário correção de rota, em razão do  poder desta no  congresso e nas bases populares, além das forças armadas e policias.


E quanto ao campo popular progressista, em especial os que estão mais à esquerda. O que fazer? A primeira resposta pode ser compreender a necessária autocrítica permanente e sem medo , uma autocrítica que de uma certa maneira já tem sido feita em lives formativas, cursos e seminários on-line e presenciais,  pesquisas, publicação de livros e etc., mas que infelizmente não produzem as mudanças necessárias. Vamos a um exemplo: Quando acontece alguma situação limite, a esquerda mais radical reage com notas e atos públicos, o que é importante, mas insuficiente. E porque no caso das notas é insuficiente? Por causa da linguagem e dos meios de difusão. Sobre estes , incluo também o formato de texto escrito no formato tradicional de apresentação, tanto forma como linguagem, sem atentar para o caráter da comunicação imagética e da pedagogia da educação popular.

Já no caso dos atos públicos, a situação é a mesma,  no geral são atos que se transformam em reuniões públicas  de convertidos falando para  convertidos.

Primeiro a ideia de que todo ato precisa de um forte aparato de som, e se o som é do sindicato X ou Y, as falas precisam ser somente das lideranças deste e das entidades associadas aos movimentos sociais tradicionais e próximos ao sindicato  ou central sindical X ou Y. Por outro lado, se convencionou achar que o momento das falas é o ponto culminante , assim se desperdiça o potencial de formação e diálogo com cartazes, gestos, performances corporais e artísticas, músicas,  poesias e etc. E isso não apenas nos atos públicos, como nos processo de formação e nos raros de socialização.  Para exemplificar, um tipo de ato público  que prescinde de discursos e carros de som é a a projeção em prédios conhecida como vídeo map. Os grafites também é uma forma. “Os grafites gritam”, afirma Criolo  na canção “Não existe amor em SP”.

Assim, podemos classificar a crise da esquerda, como uma crise estética TAMBÉM, além de uma crise no campo da pedagogia e da comunicação. E se é uma crise estética traz no bojo a falta de estudo e reflexão associando arte e cultura a questões de fundo no campo da ética, da memória histórica, da sociologia, da antropologia, da politica, daí porque é também pedagógica e de comunicação.

ZdO

Abaixo, assistam Frei Betto , para fortalecer o argumento caso concorde com o que escrevemos acima.

Mario Vitor & Regina Zappa - Frei Betto, no céu e na terra - 21.11.24



Defesa acadêmica dos kids pretos https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2024/12/7001010-defesa-academica-dos-kids-pretos.html

Ilegais e Imorais Autoritarismo, interferência política e corrupção dos militares na história do Brasil

Sinopse

 Ao resgatar fatos e personagens da participação de militares brasileiros na política e na administração pública, Ilegais e Imorais evoca a célebre frase do velho Marx, que abre O 18 Brumário de Luís Bonaparte: “A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. 

Os muitos escândalos envolvendo as forças armadas tupiniquins no governo Bolsonaro – de tráfico de drogas em avião da FAB, tentativa de golpe de estado a criminosas transações de joias – são apenas exemplos recentes de que a imagem de reputação ilibada dos militares é tão farsesca quanto trágica. Com leveza e bom humor, sem perder o rigor analítico, os autores ajudam a desconstruir a aura de incorruptibilidade, anterior à República. Um livro de fazer revirar os ossos de Caxias.

AQUI

P.S.:

Sobre autocritica na esquerda e a necessidade de memória histórica.  

Precisamos de vários olhares, mas problematizadores no melhor sentido freireano. E se é assim, apontando caminhos também. Caminhos que podem ser testados  pelo método dialético da educação popular, ação - reflexão - ação.

 Precisa começar ou recomeçar assim. Foi dessa maneira que grandes lutas e conquistas no campo progressista obtiveram sucesso. Uma pena que muitas lideranças não viveram ou não estudaram esse tempo. Cujo ponto culminante foi de meados da década de 1950 a 1964, e depois de 1978 até 1989. Chegando aos dois primeiros governos Lula.  Por isso, invisto uma parte significativa da minha vida em ação cultural e na Ação Cultural.

 Estes períodos que citei foram intensos em atividades com educação popular e ação cultural. Nestes casos, uma parte da esquerda sabia o que era e investia no que cito acima..

UM BOM EXEMPLO DE COMUNICAÇÃO DE ESQUERDA, MAS QUE PRECISA SER APRIMORADO. O PROGRAMA DE RÁDIO DO SINTESE.

Neste  sábado (30/11/2024) no programa de rádio do  Sindicato Dos Trabalhadores Em Educacao Basica Da Rede Oficial Do Estado De Sergipe - Sintese , via ondas da Rádio Jornal,  o professor Romero Venancio "pirou o cabeção" de ouvintes bolsonaristas da emissora. A fala merece recorte e publicação no portal Síntese no formato podcast. Convidar Romero e professores assim também fica legal. Não por serem antifascistas e antineoliberais, mas por terem um raciocínio lógico bem definido e uma linguagem fluente a acessível a maioria.

Ou melhor, não por serem tão somente antifascistas e antineoliberais. A temática do programa também precisa se abrir para entrevistados do campo da cultura, da comunicação e do meio ambiente. Se possível com uma ou duas músicas no meio das entrevistas relacionadas ao tema. Uma boa, entrevista para a pauta cultural, educação também é cultura, é a atriz Tânia Maria, destaque como Billie Holiday, a canção.


Para uma critica arguta e propositiva relativa ao modus operandi das manifestações de esquerda.

Manifestação Fora Bolsonaro em São Paulo



Leia outras análises do mesmo autor, Gavin Adams. AQUI

2 comentários:

  1. Sempre com razão, amigo Zezito de Oliveira ! Gostei muito das ideias e estão tão claras que não adianta pôr peneiras para tapar o sol.
    Sempre digo que devemos focar nas ruas, abrir as portas para o povo se levantar, cantar, gritar!
    Parabéns amigo! 👏

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