Luiz Eduardo Oliva
Aberto mais um Festival de Arte de São Cristóvão, faço uma viagem no tempo. E vou até o ano de 1972. Já são mais de meio século de realização de festivais e eu estava no primeiro deles. Logo me vem à mente a célebre frase “Meninos, eu vi” consagrada no poema “Juca Pirama” de Gonçalves Dias. Na viagem que faço no tempo retrocedo de 1972 e fico a imaginar que naquele 2 de setembro quando aconteceu o I FASC (1, 2 e 3 de setembro de 1972) havia apenas 27 da Segunda Guerra Mundial. Quando digo “apenas” é que a Segunda Guerra parecia tão distante naqueles anos do primeiro FASC e as imagens eram sépia ou preto e branco. Então do I FASCaté os dias de hoje já se vão 52 anos e posso dizer: “meninos eu vi! ”
No ano de 1972 estávamos em uma longa noite que se abateu sob o país, pós o golpe civil militar que estava num de seus momentos mais cruéis, a censura escondia o que nos porões do DOI-CODI – Departamento Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna do Exército acontecia: torturas e mortes. Pois bem. É nesse ano que os militares impõem às instituições federais a comemoração do sesquicentenário da independência para elevar o tal "patriotismo" baseado nos símbolos que eles consideravam deles.
A Universidade sergipana, recém-criada (tinha só quatro anos de fundada) decidiu comemorar sesquicentenário criando um festival de artes na velha cidade de São Cristóvão, a antiga capital e que representava o elo entre a história do Brasil colonial e o Brasil como nação independente. Assim surgiu I FASC que, por ironia do que motivou sua criação, acabou por virar no grande evento de resistência das artes sergipanas e uma espécie de fomentador de uma antropofagia cultural que fazia uma interação do que artisticamente se produzia de melhor no país com a cultura sergipana
Passados meio século e o Festival mostra que resistiu ao tempo chegando à privilegiada condição de ser o mais longevo e maior festival de artes do país. Há, todavia, similaridades com aqueles anos iniciais: o fantasma de mais um golpe que felizmente não se concretizou vem a revelar-se e advertir o país o quanto são nocivas as ditaduras. O pais vive a expectativa do Oscar de 2025 que coloca em cena Fernanda Torres que interpretou a protagonista do já aclamado filme “Ainda Estou Aqui” que conta uma, de muitas histórias nefastas da opressão da ditadura, que dava as cartas no I FASC.
A arte é instrumento libertador. Forma consciência, intensifica a identidade de um povo, e faz brotar sua força criadora. É também denúncia, e por denunciar alerta, como no filme “Ainda Estou Aqui”. Curiosidades e coincidências à parte, a existência perene do FASC representa a força da cultura sergipana que resiste. E que se renova ano a ano. E eu, que vivi aqueles anos, posso mais uma vez dizer, juntando a frase de Gonçalves Dias em Juca Pirama ao título do filme de Walter Salles: “Meninos eu vi, e ainda estou aqui! ”.
Amigos (as), estou com problema para entrar na conta em que publicava no blog da cultura em razão da plataforma blogger ser do gmail e o email que usava para acessar ser Yahoo. Já que esqueci a senha e ainda precisei entrar por outro computador , por conta de problemas no que usava, o qual foi para o conserto.
Como as plataformas estão cheias de problemas com segurança por causa do hackers, vou ter que aguardar um prazo mais longo para poder voltar a ter acesso, segundo informação do Yahoo. Mas como disponho de um blog inativo na conta gmail, estarei utilizando este por um tempo. Quando voltar a ter acesso ao blog antigo, transfiro os arquivos novos para o blog original.
O blog antigo continua podendo ser acessado.. Só não sofrerá atualização por um tempo.
Zezito de Oliveira
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