quinta-feira, 29 de outubro de 2009

POR UMA ARTE QUE LIBERTE

No Brasil milhões de adolescentes e jovens organizam-se para fazer arte. Quem quiser achá-los basta procurar nas periferias e cidades do interior deste imenso país, as noites e as tardes de sábados e domingos são os horários mais convenientes. Esse imenso contingente de pessoas ocupam principalmente os salões das igrejas, principalmente as católicas, escolas e sedes das associações comunitárias.
Em geral o poder público dá pouca atenção e muitas das vezes as autoridades dos municípios nem sequer sabe que esses grupos existem. São muito importantes e deveriam receber maior atenção da sociedade e do poder público porque representam uma resistência ao lixo cultural que entra de forma avassaladora nas casas da maioria da população e destrói de forma impiedosa o legado cultural que as gerações mais antigas nos deixaram e impõe a passividade e a exacerbação do desejo de consumir. Embora muitos busquem a reprodução dos estereótipos da industria cultural e dos modismos de ocasião, existe um grupo significativo que tenta remar contra a maré.
Na maioria dos casos fazendo arte a juventude interage com outros da mesma faixa etária, fazendo arte a juventude exercita o corpo e a mente, fazendo arte a juventude tem acesso a repertórios da cultura de outras regiões do Brasil e de outros países, fazendo arte a juventude aprimora o senso critico, fazendo arte a juventude aprende a ser solidária, a respeitar as diferenças, a cuidar do corpo etc..
No que depender das elites locais o jovem que for mais exigente e tiver uma tendência a gostar de arte e que quer ter acesso ao que a humanidade produziu de melhor neste campo, comerá o pão que o diabo amassou, biblioteca não tem e quando existe o acervo não é dos melhores, a maioria das salas de cinema foram fechadas, os espaços para apresentações artísticas na maioria é inexistente ou de condição precárias como palcos de clubes locais, pátios de escolas, frente de igrejas e o acesso a internet e TV a cabo é privilégio privativo das famílias mais abastadas.
Agora não falta apoio e incentivo para carnaval fora de época, serestas brega, festa do vaqueiro, feiras agropecuárias, cavalgadas e as inevitáveis festa do padroeiro, o São João no nordeste é imprescindível. Em todos esses eventos a marca inconfundível de uma série de bandas que se parecem tanto uma com as outras que lembram um ônibus cheio de japonês, chinês e coreano difícil distinguir quem é quem, tamanha repetição da fórmula do sucesso.
Uma parte significativa da juventude que produz arte é completamente avessa a esse tipo de produção cultural, mas se constitui em um pequeno grupo que busca outras formas de criação de uma rede social identitária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário