segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Os Pontos de Cultura chegam a Roma!!. Encontro de Célio Turino com Papa Francisco.


Por Célio Turino fevereiro 23, 2015 16:27
Encontro com Papa Francisco

Foi inesperado. De repente, uma amiga argentina, Ines Sanguinetti, uma bailarina que dedica sua vida a promover a Cultura Viva Comunitária na periferia de Buenos Ayres, em que “Crear vale la pena”, envia uma mensagem: “estou apresentando-o à Damiana, que trabalhou com o Papa Francisco quando arcebispo e eles gostariam de conhecer mais a ideia dos Pontos de Cultura”. Trocamos algumas mensagens, ela pediu meu currículo sem dizer para que, também enviei meu livro em espanhol, editado na argentina ” Puntos de Cultura – Cultura Viva en movimiento” e ficamos de nos encontrar em abril, quando eu fosse ministrar um curso de gestão cultural em Buenos Ayres. Uma conversa das muitas que realizo com pessoas de diversos países, trocando ideias sobre a Cultura Viva que é realizada pelo mundo afora. 

Uma semana depois, recebo um convite da Academia de Ciências do Vaticano, para ministrar a Conferência de abertura no tema “Cultura, Educação e Emancipação” no Congresso mundial do programa Scholas Occurrentes (Escolas do Encontro) a ser lançado pelo Papa Francisco, com o objetivo de envolver 60 milhões de jovens em todo o mundo. Mais uma semana e eu estava no Vaticano. Tudo muito rápido e bem definido.

Promover encontros pela paz. Não desses encontros retumbantes, com declarações genéricas e pouca ação prática, mas encontros singulares, pessoa a pessoa. Sessenta milhões de crianças e jovens a se encontrarem pelo mundo, um a um, estabelecendo laços de afeto e confiança. Esta é a ideia das Escolas do Encontro. 

Algo assim: colocar um jovem Checheno convivendo com um jovem Russo, dormindo no mesmo quarto, dividindo a mesma comida e um tendo que lavar a roupa do outro, como na vila de Rondini, na Itália, em que jovens de países conflagrados são convidados a viver juntos, sob o mesmo teto. E, de repente, um jovem israelense declara que nunca havia conversado com um palestino antes de dividir o quarto com um, e eles se descobrem amigos. Potenciar o encontro, praticar a alteridade (o se reconhecer no “outro” por mais diferente que este “outro” possa parecer), exercitar a tolerância e a paz, esta é a ideia do Scholas Occurrentes.

O Ponto de Cultura pode fazer esta mediação. Aqui não me refiro aos Pontos de Cultura instituídos ou reconhecidos por governos, esses também, mas há muito mais Pontos de Cultura espalhados por aí. Gente boa, criativa e dedicada, fazendo trabalho pelo mundo, entregando suas vidas a organizar a Cultura Viva em suas comunidades. 

Pode ser uma biblioteca comunitária, ou uma escola de dança, ou grupo de teatro, de hip hop, coletivo audiovisual, com indígenas, jovens de favelas, camponeses, também estudantes universitários, mestres da Cultura Popular, Griôs, contadores de histórias, palhaços, músicos, gente fazendo ecovilas, agroecologia, cooperativas de economia solidária, trabalhos compartilhados em software livre, cultura digital. Tudo cabe na Cultura Viva, basta querer, inventar e fazer. E promover o encontro.

Há realidades extremadas, como jovens vivendo em áreas de guerra. Mas há também outras realidades em que o Encontro deve ser promovido, em que a guerra não é declarada, mas velada (ou não tão velada assim). Não seria uma boa ideia colocar jovens de um colégio arquidiocesano, de classe média alta, para interagir com jovens de uma escola pública no Capão Redondo, em São Paulo? Mesmo morando na mesma cidade, talvez eles nunca tenham se encontrado, como entre os jovens israelense e palestino. 

Por vezes são escolas que estão ao lado uma da outra, no mesmo bairro ou região, por vezes estes jovens até se cruzam nas ruas, mas nunca se olharam, nunca se ouviram. O jovem da família rica, com acesso a todos os bens de consumo ou conforto, talvez seja até mais excluído de sua cultura, de seu povo, que um jovem que possa morar na favela vizinha. Um, com acesso a shoppings, baladas, cinema multiplex ou roupas de marca, outro, com acesso ao Jongo, à capoeira, às rodas de conversa, saraus de periferia ou grupos de rap. 

Mas eles tem o que conversar e aprender um com o outro. É aí que entra a cultura e o esporte. Não para promover um encontro forçado, como se fosse uma tarefa escolar, em que cada uma dessas crianças e jovens devesse conversar com a outra em algum momento especial ou em encontros pelo computador. Mas em encontros reais, vivenciados cotidianamente.

 Um grupo de capoeira, o exercício de produção de um audiovisual entre jovens de realidades tão distintas, um trabalho comunitário (não para que o mais rico se sinta ajudando o mais pobre, mas para uma ação comum, em que um ajuda e aprende com o outro, cuidando de uma horta comunitária, de comida orgânica, por exemplo). Enfim, há tantas possibilidades, tantas necessidades, tanta gente precisando se encontrar (mesmo quando não sabem).
Cabe aos Pontos de Cultura do mundo a mediação deste encontro.

Foi o que conversei com o Papa Francisco. E que venham os encontros!


Roda de Danças Circulares em Março de 2015


Secretária Ivana Bentes participa de hangout nesta terça-feira (24)


Como a cultura pode dialogar com as agendas estruturantes da  sociedade civil? Essa e outras questões serão debatidas nesta terça-feira (24/2), a partir das 17h, em hangout com a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC), Ivana Bentes. Comentários, dúvidas e sugestões poderão ser encaminhados pelas redes sociais por meio da hashtag #ParticipaSCDC.

O debate será transmitido ao vivo pelo site do MinC [www.cultura.gov.br] e pelos perfis Ministério da Cultura e Cidadania e Diversidade.

#ParticipaçãoSocial #MinC #ParticipaSCDC

Pense nas crianças!! Pensem em todas as crianças!!!


  Uma criança cega precisa escrever uma redação sobre as cores das flores. O vídeo mostra o desafio do menino para conseguir cumprir a tarefa. A tradução para o português foi feita para o blog “Assim como Você”, de Jairo Marques.




Rosa de Hiroshima


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Mostra Cinema e Direitos Humanos na Escola Estadual Júlia Teles.



 


O Ponto de Cultura Juventude e Cidadania/Ação Cultural foi escolhido para ser um dos pontos de exibição da iniciativa Democratizando  - Mostra Nacional Cinema e Direitos Humanos.

Esta ação é uma ramificação da Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, cujo objetivo  é estabelecer um diálogo franco e direto com o povo brasileiro sobre seus direitos fundamentais. Mais do que assistir a filmes, trata-se de um convite ao debate, à reflexão, para construirmos juntos um país que valorize a diversidade e garanta o respeito aos Direitos Humanos.

A atividade  será realizada em parceria com a Escola Estadual Júlia Teles, localizada no Conjunto Jardim, município de Nossa Senhora do Socorro. 

Antes da apresentação dos filmes da mostra, também será apresentado curtas, produzidos pelo Ponto de Cultura Juventude e Cidadania e pelo Projeto Inventar com a Diferença, resultado das oficinas de audiovisual realizadas com alunos (as) da Escola Júlia Teles.

O acesso para assistir a mostra  Democratizando  - Cinema e Direitos Humanos é totalmente gratuito e conta com uma seleção de filmes em formato digital, com  opção de  utilização de closed caption e audiodescrição, além de legendas para cinco idiomas: árabe, espanhol, inglês, francês e mandarim.

“A Vizinhança do Tigre”, de Affonso Uchoa; “Cabra Marcadopra Morrer”, de Eduardo Coutinho, “Pelas Janelas”, de Carol Perdigão, Guilherme Farkas, Sofia Maldonado e Will Domingos; “Que Bom te Ver Viva”, de Lúcia Murat; “Rio Cigano”, de Júlia Zakia; e “Sophia”, de Kennel Rógis são os filmes que compõem a mostra.

A Ação Cultural foi criada em 2004, porém, antes disso, o grupo fundador já se organizava como um coletivo de produção cultural. No que se refere à área geográfica, a principal base de atuação é o Conjunto Jardim (município de Socorro), onde é realizado oficina de audiovisual com estudantes de escolas públicas. 

Através destas oficinas,  é buscado a  formação de um  olhar voltado para a necessidade de mostrar como pensa e vive a juventude que mora na periferia. Um novo olhar assumido pelos jovens participantes da oficina e por aqueles  que assistem ao resultado final do trabalho. Outro objetivo é alargar o campo de visão dos meninos e meninas envolvidos na oficina  no que se refere a valores estéticos e éticos, buscando transformar a realidade de exclusão e invisibilidade em que vivem.

Além disso,  a Ação Cultural realiza iniciativas culturais itinerantes em outros bairros de Aracaju e em outros municípios da região metropolitana.   Uma das atividades é a exibição de produções de longa metragem, curtas e animação  através do formato cineclube, realizado de forma esporádica em escolas, na sede da Ação Cultural e em salões comunitários de igrejas.


 A exibição acontecerá em março e as datas e horários serão divulgados brevemente..

PRODUÇÃO DE CURTAS DO PONTO DE CULTURA & PROJETO INVENTAR COM A DIFERENÇA.
 









Produção Cultural nas Escola no facebook

https://www.facebook.com/groups/1527148180872626/

Nicolas Shumway - Curso de Especialização em Gestão Cultural (2014) - Parte 1/4



Publicado em 27 de nov de 2014
Na primeira parte dessa conversa, o professor e diretor do Instituto de Humanidades da Rice University, Nicolas Shumway, fala sobre o liberalismo e explica que suas origens remontam à república romana, embora o termo tenha surgido posteriormente e afirma também que a Constituição norte-americana é um dos principais documentos representativos desse conceito. Alfons Martinell apresenta um breve histórico do liberalismo na Espanha e seus reflexos na cultura. Também conversam sobre os conceitos de liberdade cultural e censura na Espanha e nos Estados Unidos.

Com Teixeira Coelho (Brasil) - professor titular da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sete anos curador-coordenador do Museu de Arte de São Paulo (MASP), consultor do Observatório Itaú Cultural (São Paulo, Brasil) -, Alfons Martinell (Espanha) - diretor da Cátedra UNESCO de Políticas Culturales y Cooperación da Universidade de Girona (Espanha) e consultor do Observatório Itaú Cultural - e Nicolas Shumway, diretor da Escola de Humanidades da Rice University, com passagens pela Yale University, Universidade do Texas e Universidade de São Paulo, onde lecionou cursos sobre história da América Espanhola.

Gravado em 26 de setembro de 2014, no Itaú Cultural, São Paulo/SP, durante o Curso de Especialização em Gestão Cultural, realizado pelo Instituto Itaú Cultural em parceria com a Universidade de Girona (Espanha).

Créditos:
Gerente do Núcleo de Inovação: Marcos Fernandez Cuzziol
Coordenadora do Núcleo de Inovação: Luciana Modé
Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira
Coordenadora de Conteúdo Audiovisual: Kety Fernandes Nassar
Produção Audiovisual: Camila Fink
Captação e edição: Gasolina Filmes

Veja as outras partes do depoimento de Nicolas Shumway:
Parte 1 - https://www.youtube.com/watch?v=IDRE0...
Parte 2 - https://www.youtube.com/watch?v=Ugcfu...
Parte 3 - https://www.youtube.com/watch?v=gIV_9...
Parte 4 - https://www.youtube.com/watch?v=3BZQs...

A escola dos meus sonhos

 http://www.freibetto.org/index.php/artigos/14-artigos/25-a-escola-dos-meus-sonhos

Na escola de meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, conhecer mecânica de automóvel e de geladeira, e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra.

Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim, aprendem como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões subterrâneas que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.

Não há temas tabus. Todas as situações-limites da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das privatizações; o português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de jornais; a geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a física, nas corridas da Fórmula 1 e pesquisas do supertelescópio Hubble; a química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a história, na violência de policiais a cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores-índios, senhores-escravos, Exército-Canudos etc.

Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de biologia e de educação física se complementem; a multidisciplinaridade faz com que a história do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e de dança, e associa a história da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas.
Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo; o pai-de-santo do candomblé; o padre do catolicismo; o médium do espiritismo; o pastor do protestantismo; o guru do budismo etc. Se for católica, promove retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja.

Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazerem periódicos treinamentos e cursos de capacitação, e só são admitidos se, além da competência, comungam com os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido sobre o que são democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.

Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o produto, adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à saúde.

O programa de auditório de domingo é destrinchado: a proposta de vida subjacente; a visão de felicidade; a relação animador-platéia; os tabus e preconceitos reforçados etc. Em suma, não se fecha os olhos à realidade; muda-se a ótica de encará-la.

Há uma integração entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e um mês por ano setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus discursos analisados e comparados às suas práticas.

Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil os alunos traziam à classe toda a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar.

Não há coincidência entre o calendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibilidade, aptidão e recursos.
É mais importante educar que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que a ascender à elite. Dentro de uma concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade corpo-espírito, e o enfoque curricular estabelece conexões com o noticiário da mídia.

Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para poderem se manter. Pois é a escola de uma sociedade onde educação não é privilégio, mas direito universal e, o acesso a ela, dever obrigatório.

 Frei Betto é escritor, autor de “Alfabetto – Autobiografia Escolar” (Ática), entre outros livros.

DIversidade Cultural


Ação Cultural como Produção de Subjetividade


O Seu Olhar...


Pelo reencantamento do mundo: Mia Couto




Mia Couto, escritor moçambicano conhecido em todo o mundo, fala sobre de importância de não podarmos o encantamento, a capacidade de fascinação, de êxtase diante das pequenas coisas.
Fala da necessidade de reencantarmos o mundo, tomando por empréstimo o olhar das crianças.

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O que precisa ser incorporado ao processo de educação

Leornardo Boff


21/02/2015


Geralmente o processo educativo da sociedade com suas instituições como a rede de escolas e de universidades estão sempre atrasadas em relação às mudanças que acontecem. Não antecipam eventuais processos e custam-lhes fazer as mudanças necessárias para estar à altura deles.

Entre outras, duas são as grandes mudanças que estão ocorrendo na Terra: a introdução da comunicação global via internet e redes sociais e a grande crise ecológica que põe em risco o sistema-vida e o sistema-Terra. Podemos eventualmente desaparecer da face da Terra. Para impedir esse apocalipse a educação deve ser outra, diversa daquela que dominou até agora.

Não basta o conhecimento. Precisamos de consciência: uma nova mente e um novo coração. Precisamos também de uma nova prática. Urge nos reiventar como humanos, no sentido de inaugurar uma nova forma de habitar o planeta com outro tipo de civilização. Como dizia muito bem Hannah Arendt:”podemos nos informar a vida ainteira sem nunca nos educar”. Hoje temos que nos reeducar e no reinventar como humanos.

Por isso, acrescento às dimensões acima referidas, estas duas: aprender a cuidar e aprender a se espiritualizar.

Mas antes faz-se mister, previamente, resgatar a inteligência cordial, sensível ou emocional. Sem ela, falar do cuidado e da espiritualidade faz pouco sentido. A causa reside no fato de que todo sistema moderno de ensino se funda na razão intelectual, intrumental e analítica. Ela é uma forma de conhecer e de dominar a realidadade, fazendo-a mero objeto. Sob o pretexto de que a razão sensível impediria a objetividade do conhecimento, foi recalcada. Com isso surgiu uma visão fria do mundo. Ocorreu uma espécie de lobotomia que nos impede de nos sentir parte da natureza e de perceber a dor os outros.

Sabemos que a razão intelectual, como a temos hoje, é recente, possui cerca de 200 mil anos quando surgiu o homo sapiens com seu cérebro neo-cortical. Mas antes dele, surgiu há cerca de 200 milhões de anos, o cérebro límbico, por ocasião da emergência dos mamíferos. Com eles, entrou no mundo o amor,o cuidado, o sentimento que se devotam à cria. Nós humanos, esquecemos que somos mamíferos inteletuais. Logo, somos fundamentalmente portadores de emoções, paixões e afetos. No cérebro límbico reside o nicho da ética, dos sentimentos oceânicos como os religiosos. 

Antes ainda há 300 milhões de anos, irropeu o cérebro reptilínio que responde por nossos reaçõs instintivas; mas não é o caso de abordá-lo aqui.

O que importa é que hoje temos que enriquecer nossa razão intelectual com a razão cordial, muito mais ancestral, se quisermos fazer valer o cuidado e a espiritualidade.

Sem essas duas dimensões não iremos nos mobilizar para cuidar da Terra, da água, do clima, das relações inclusivas. Precisamos cuidar de tudo, sem o que as coisas se deterioram e perecem. E então iríamos encontro de um cenário dramático.

Outra tarefa é resgatar a dimensão da espiritualidade. Ela não deve ser identificada com a religião. Ela subjaz à religião porque é anterior a ela. A espiritualidade é uma dimensão inerente ao ser humano como a razão, a vontade e sexualidade. É o lado do profundo, de onde emergem as questões do sentido termnal da vida e do mundo.

Infelizmente estas questões foram tidas como algo privado e sem grande valor. Mas sem sua incorporação, a vida perde irradiação e alegria. Mas há um dado novo: os neurólogos concluiram que sempre que o ser humano aborda estas questões do sentido, do sagrado e de Deus, há uma aceleração sensível nos neurônios do lobo frontal. Chamaram a isso “ponto Deus” no cérebro, uma espécie de órgão interior pelo qual captmos a Presença de uma Energia poderosa e amorosa que liga e re-liga todas as coisas.

Avivar esse “ponto Deus” nos faz mais solidários, amorosos e cuidadosos. Ele se opõe ao consumismo e materialismo de nossa cultura. Todos, especialmente os que estão na escola, devem ser iniciados nessa espiritualdidade, pois nos torna mais sensíveis aos outros, mais ligados à mãe Terra, à natureza e ao cuidado, valores sem os quais não garantiremos um futuro bom para nós.

Inteligência cordial e espiritualidade são as exigências mais urgentes que a a tual situação ameaçadora nos faz.

Leonardo Boff é colunista do JBonline e escreveu Saber cuidar, Vozes 2000 e O cuidado necessário e Vozes 2013.

“Chegou a hora da gente reinventar a escola!”


Há alguns dias li  em minha TL do facebook, a frase que abre uma declaração em vídeo do professor de Historia e deputado federal pelo PSOL-RJ. “Chegou a hora da gente reinventar a política!” A mesma se aplica a escola, que precisa apressar o passo para chegar ao século XXI. 
 
Penso que transformar a metodologia de projetos, na “metodologia” comum, ordinária ou a rotina pedagógica da escola, seja o melhor caminho. Lá na frente ajuda a reinventar a própria cidade, a pólis ou a própria politica. 
 
Um desafio certamente, será rever os desenhos dos prédios, do modelo pedagógico, como no exemplo da metodologia de projetos já citado, a necessidade de investimento em profissionais da arte e da comunicação para dar suporte direto e indireto a professores e alunos, rever a divisão restrita ou estrita a disciplinas, rever a divisão restrita ou estrita aos 50 minutos de aula.
 
Imprescindivel que estas mudanças aconteçam primeiro na mente dos profissionais ligados a educação, incluindo professores e gestores, para depois se estender a todo o universo escolar. Daí a importância de processos formativos como o Pacto do Ensino Médio, por exemplo.
 
Embora, na mente de muitos alunos outro modelo de escola já esteja latente, considerando o fato de terem nascido nos anos finais do século XX ou neste anos iniciais do século XXI.
 
E se estamos falando de mudanças radicais, mesmo que de forma minoritária ainda, temos nas empresas de tecnologia do vale do silício, inclusive o google, um exemplo das mudanças necessárias que incluem uma série de fatores, como defendo acima.
 
Da mesma forma, encontramos este pensamento, em acao na Escola da Ponte, iniciada em Portugal e com ramificações no Brasil.
http://depoisdaaula.blogspot.com.br/.../o-lado-escuro-da...
 
Detalhe: A metodologia empregada no curso de verão na PUC-SP, no qual tomei parte nestes últimos dois anos, janeiros de 2014 e 2015,  é impregnada de referenciais defendidos
pelo nosso Paulo Freire e pelo educador português José Pacheco.  Por isso, jogo todas as minhas fichas nos processos de mudanças culturais por meio da (in)formação, intercâmbio e imersão afetiva e pedagógica em outros ambientes e contextos culturais.


Zezito de Oliveira