segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

O sucesso do filme "Ainda Estou Aqui" é uma vitória importante na luta da memória contra o esquecimento.

 


Vale muito ler a carta do jornalista Jamil Chade para a Fernanda Torres.

“O teu lugar nós já sabemos qual será: a do Oscar da democracia.”

“A resistência é nosso intransigente dever de memória, inclusive como homenagem a quem a perdeu.”

 “Em cada sessão que serve como uma espécie de antídoto à onda autoritária, vocês estão confrontando populistas, charlatães e vendedores de ilusão do século 21 ao afirmar que a democracia ainda está aqui. E que lutaremos por ela.”

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APÓS O GLOBO DE OURO. AINDA ESTAMOS AQUI. O SEGUNDO TEMPO
Romero Venâncio (UFS)
As polêmicas e debates sobre o filme nas redes digitais foram importante. Independente das concordâncias, criticas e acaloradas polêmicas sobre o significado do filme e mesmo com toda sua peculiar maneira de entender o país na época da ditadura a partir de uma família de classe média, foi importante para criar um caldo cultural que alimentou ainda as reflexões sobre o golpe de 1964 e a ditadura que seguiu... E todas as atrocidades perpetradas pelos militares e seus apoiadores. Era 2024: 60 anos deste golpe. O filme alimentou essa memória. Muitos jovens viram o filme. O debate começou a rolar solto. Houve procura pelo livro que está na base do filme.
Neste dia 05/1/2025, o filme (a atriz Fernanda Montenegro) ganhou um prêmio de projeção mundial: o Globo de Ouro. Uma premiação anualmente entregues desde 1944 pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association) aos melhores profissionais do cinema/televisão no mundo. Fernanda Torres ganhou o prêmio de melhor atriz por "Ainda Estou Aqui", concorrendo na categoria “Melhor Atriz de Filme de Drama” com grandes nomes do cinema internacional. Além de Tilda Swinton, Pamela Anderson (The Last Showgirl), Angelina Jolie (Maria), Nicole Kidman (Babygirl) e Kate Winslet (Lee) estavam indicadas ao prêmio. Ou seja, projeção e vitrine mundial não faltará ao filme dirigido por Walter Sales.
SEGUNDO TEMPO
Após essa premiação e todos os seus comemorativos, acredito (e desejo!) que todo o simbolismo do filme: do prêmio aos debates; da divulgação mundial ao significado do tema do filme... Que tudo isto sirva para uma reflexão e mobilização contra qualquer forma de golpe e sem anistia alguma para golpistas. Nesta quarta 8/1 serão dois anos de uma tentativa de golpe (mais um na história do país!!!). Vamos fazer de conta que nada aconteceu? Vamos ficar dependendo unicamente de decisões do judiciário (ministro Alexandre de Moraes, em particular)? o impacto do inquérito da PF sobre os atos golpistas, como fica? esse importante inquérito da PF é um documento da mais alta importância. 884 páginas documentadas com rigor sobre a forma de preparação do golpe, seus mentores, aliados e trama. A coisa do golpe foi séria demais para ser esquecido. Até aqui, nada indica que não podemos ter mais tentativas de golpe a partir dos militares e seus bolsonaristas aliados. Existe no ar um clima de instabilidade institucional e isto não ajuda. Ou ajuda a golpistas de plantão.
Já que o filme despertou tantos debates acalorados após seu lançamento nos cinemas do Brasil, agora é a hora de ampliarmos o debate para a situação atual do Brasil. O filme precisa ser "instrumentalizado" para uma séria reflexões sobre os acontecimento de 8/1/2023. Não se trata de defender uma coisa ingênua e irrealizável: esse filme e seu prêmio mudaram a ordem das coisas nesse país que parece eternamente em transe, pelo menos, desde 2013. Não se trata de tamanha coisa sem sentido. Trata-se de aproveitar o momento (o "Kairós") do filme e sua repercussão e agitar o tema central do filme: memória, ditadura, corpos desaparecidos, prisões arbitrárias. trata-se de voltar ao debate sem apequenamento e superar a pequena politica que tem de ser superado do nosso horizonte.
O tema da ditadura pós-64 é um tema caro a grande parte da cultura brasileira. Marcou definitivamente este país. E sempre ronda como espectro da política brasileira. Tivemos entre 2018-20122 um governo civil eleito e que governou como militar. O estado foi inflado de militares por todos os lados e cargos. Um absurdo só. Voltou-se a uma "cultura militar" com Bolsonaro e seu bolsonarismo e ainda a lenda da competência, disciplina e seriedade dos militares. Ora, ora... Caiu tudo por terra ao se aboletarem mais uma vez no estado e vindo de um processo eleitoral, o que é mais grave. Fizeram um (des)governo desastroso.
Precisamos agir. Precisamos sair desse pesadelo. As ruas tem que ser nossa. 

"O cinema transforma o mundo? Não, o cinema pode transformar pessoas, ajudando a despertá-las para a necessidade de se colocar ao lado daqueles que pensam e agem em favor da alegria do mundo. Alegria com pão, trabalho e justiça. "ZdO, inspirado em Paulo Freire e Augusto Boal.




A infância de Bolsonaro entre quilombolas, guerrilheiros e a rica família de Rubens Paiva

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Bolsonaro volta a atacar Lei Rouanet após vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro
Ex-capitão acusa governo Lula de priorizar cultura em detrimento da infraestrutura, apesar de dados contrários
06 de janeiro de 2025, 16:48 h

Leonardo Sobreira
247 - Jair Bolsonaro, que durante seu governo dedicou-se amplamente a atacar a cultura brasileira e a promover o desinvestimento no setor, aproveitou a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro para criticar a Lei Rouanet, marco institucional de incentivo à cultura no Brasil.

Bolsonaro mencionou em uma postagem na plataforma X nesta segunda-feira (6) os investimentos bilionários do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cultura. De acordo com a ministra Margareth Menezes, em 2025, serão destinados R$ 15 bilhões para a Lei Aldir Blanc e R$ 3 bilhões para a Lei Rouanet.

O ex-capitão argumentou que esses recursos poderiam ser direcionados à infraestrutura. No entanto, durante seu governo, os investimentos no setor que ele afirma priorizar foram mínimos. Já na gestão atual, segundo dados oficiais, os investimentos em infraestrutura cresceram quase 200% em relação a 2022.

"O investimento na infraestrutura é rechaçada pela gestão lula e coincidentemente jamais cobrada conclusão por outros de outrora (sic). Enquanto isso, a Rouanet...", escreveu Bolsonaro na rede 

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A espectacular vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, neste domingo (5), não é apenas a consagração de uma excepcional interpretação em um baita filme baseado num livro para o qual faltam adjetivos. A luta de Eunice Paiva após seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, ser detido e morto pela ditadura que mandou no Brasil entre 1964 e 1985 é um lembrete ao mundo do que acontece quando golpes de Estado têm sucesso. E que eles não podem ser esquecidos, perdoados, anistiados.
“Ainda Estou Aqui”, sucesso de público no país, reconta um período de censura, violência, arbitrariedades e assassinatos diluindo a política no drama familiar. Dessa forma, traz sutilmente, e de forma eficaz, a questão da ditadura.
Por ser didático e focar na família, não fica restrito à bolha. E, o mais importante, muitos jovens que parecem ignorar que a democracia que herdaram custou o sangue, a tortura e a saudade de muita gente. Não raro, caem nas mentiras daqueles que dizem que professores e universidades não servem para nada.
Mas a interpretação de Eunice Paiva por Fernanda Torres também conta uma história universal ao mostrar as consequências na vida cotidiana das famílias que se tornam alvos da violência de regimes ditatoriais. Com a ascensão de governos autoritários, a história escrita por Marcelo Rubens Paiva e adaptada para as telas por Walter Salles é local e global ao mesmo tempo.
Para quem torce o nariz dizendo que esse debate é “politizar” o filme, sugiro que o assista. Se contar a trajetória de uma mulher que luta para que a ditadura assuma o que fez com o marido e para cuidar da família após o desaparecimento dele não é político, então nada mais é.
A torcida avassaladora por Fernanda Torres nas redes sociais, que obliterou uma campanha da extrema direita brasileira para atacar o governo brasileiro e passar pano para o genocídio comandando por Benjamin Netanyahu em Gaza, ajuda com que o filme seja visto por mais gente. E, portanto, o debate sobre o impacto dos anos de chumbo seja popularizado. Mesmo aqueles que xingaram a o filme, o livro, a atriz e até a sua mãe, Fernanda Montenegro, na noite deste domingo, ajudaram a bombar “Ainda Estou Aqui”. Obrigado, extremistas.
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